domingo, 10 de novembro de 2013

MAIS UMA VEZ "ME VI PARADO ALI" (RUI AGOSTINHO)

Já não estou tão só e nem faz muito frio. A cidade aos meus pés continua pedindo socorro. Sinto-me incapaz de levantar um braço de ajuda a essa gente que vive, ama e trabalha, tem esperanças e caminha em busca de algo melhor. Para mim, Copacabana, Leblon e Ipanema, são rosários de luz, sempre cuidando desse povo inquieto, que habita em bairros periféricos, porém que ainda conseguem ser felizes. Afinal, eu sou um dos muitos que deixaram esta cidade para não serem engolidos por ela. Mais uma vez chegou a hora de ir. A cidade me pediu pra ficar. Eu nem sei por que não obedeci.
Mesmo que a cidade peça socorro, num "S.O.S" constante, mesmo que o Vidigal me assuste com seu casario vertical, emitindo luzes, cristais iluminando as noites de São Conrado. Mesmo que a Rocinha alimente jovens com o vício destruidor e todas as janelas se abram para a violência. Mesmo com a "pacificação" de algumas comunidades, ainda falta muito para acabar com o caos urbano desta cidade, ainda assim, penso em ficar. A razões são fortes. Não se trata apenas de apego a cidade. Elas, as pessoas que amo, me pedem pra ficar. Elas possuem nomes. Nomes de pessoas comuns, como aquelas que vivem em qualquer cidade do Brasil mas que despertam a minha emoção e fazem tremer o meu coração. Se não pude ficar, que Deus permita que eu possa ainda passear pelas ruas do meu Rio ainda muitas vezes. Por hora, estou parado aqui, na esquina do tempo e dedico ao meu querido Rio, esta minha poesia que virou samba através da melodia de Ybis Maceióh !

ESQUINAS DO TEMPO (Rui Agostinho)


Me vi parado ali,

Na esquina do tempo,
Lembrando, revendo 
Passado e presente, 
Tudo de uma só vez.

Dos dias de juventude,

Me veio a lembrança do amor,
Das noites de descoberta,
Nas madrugadas do Rio.

Mourisco, Vista Chinesa,

Castelinho, Igreja da Penha
Alto das Laranjeiras,
Lugares por onde andei.

Memória não falta

Dos beijos e amassos,
Na gafieira da Lapa,
Quando paguei pra dançar.

Talvez numa noite dessas,

Num sono muito profundo,
Num vai e vem meio absurdo,
Misture passado, presente e futuro

É tudo tão perfeito no meu Rio,

Da Pedra da Gávea ao Leblon,
Do Morro da Urca ao Redentor,
Que me perco,
Nesta louca simetria,
Desordenada do amor.

É tudo tão perfeito no meu Rio !

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